Wednesday, April 9, 2008

Random meetings

This one happened in August last year, on a train between Cracow and Warsaw, in Poland.

I ask this girl about a magazine lying on the bench in the train cabin. I ask in English and she replies in English. A conversation ensues. Upon learning I was Brazilian, she asks if I knew Elizabeth Bishop, the American poet who lived for many years in Rio de Janeiro. I not only knew her; she was the author of one of my favorite poems, which I said to her astonishment. She was a poet herself, who lived in New England and was in Poland visiting her folks. Since then we had the opportunity to meet twice in NY.

So when someone points out that travelling alone must be dead boring, I have to say that I am sure to meet interesting people along the way, something that perhaps wouldn't happen weren't I alone.

The poem, by the way, is "One Art":

The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn't hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.

Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.

4 comments:

Anonymous said...

Oi, adorei o blog!! Estou lendo tudo, rs! Abração. Túlio

Anonymous said...

Drigo, "One Art" tb é um dos meus favoritos. Ao pensar nas suas andanças, lembrei de um poema de Pessoa, que tb dá nome a um conto do Enrique Vila-Matas. Anote:
(Viajar! Perder países!)

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Bravo! pelo blog.
Bjos
Veroquinha

Fernando Guida Sandoval said...

"A MENINA me disse que eu teria de esquecer o que sabia para poder ver aquilo que eu não via. Que menina? Aquela sobre quem escrevi. Caminhávamos juntos, ela me mostrava e me explicava a sua escola, na Vila das Aves, em Portugal. Eu teria de esquecer para poder ver. Quem lhe ensinara isso, essa estranha pedagogia da desaprendizagem? Não podia ter sido Roland Barthes.

Barthes, ao sentir a velhice chegando, disse esta coisa surpreendente: que chegara a sua hora suprema, a hora do esquecimento, tempo de desaprender os saberes que havia aprendido. Posso imaginar o espanto que essa declaração deve ter provocado no erudito público acadêmico presente a sua aula.

Esquecer, desaprender: são o oposto daquilo que as escolas e professores pedem aos alunos. Os professores perguntam e os alunos, se tiverem memória boa, respondem e tiram boas notas. Esquecer é o contrário: perder, abrir mão, deixar ir. E, na lógica banal da razão do cotidiano, esquecimento é sempre empobrecimento. Barthes aponta na direção oposta. Teria ficado senil?

Quem responde é T.S.Eliot, num curtíssimo-cortante aforismo: "Num país de fugitivos, aquele que anda na direção contrária parece estar fugindo".

Barthes caminha na direção contrária. Ele nos conduz a um outro mundo. Suspeito que tenha aprendido do Taoismo. Pois é isso que está lá dito, no poema de número 48 do "Tao-Te-Ching": "Na busca do conhecimento a cada dia se soma algo. Na busca do Caminho da Vida a cada dia se diminui algo".

Esquecer é diminuir; desaprender é diminuir. Barthes não está sozinho em sua caminhada na direção contrária. Lichtenberg tinha uma ideia parecida: "Atualmente procura-se divulgar a sabedoria por toda a parte: quem sabe se daqui a poucos séculos não haverá universidades destinadas a restabelecer a antiga ignorância?".

Alberto Caeiro é de opinião semelhante. "O essencial é saber ver ─ Mas isso (triste de nós que trazemos a alma vestida!), Isso exige um estudo profundo, Uma aprendizagem de desaprender..." "Procuro despir-me do que aprendi, Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram, E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras, Desembrulhar-me e ser eu"

Barthes se referiu ao esquecimento como "a força da força viva". Por quê? Ele mesmo responde, mostrando que o esquecimento é um processo pelo qual o corpo "raspa" de sua pele as sedimentações operadas pelo passado, mortas, da mesma forma como o navegador raspa a craca marisca que grudou no casco do seu barco. Raspada a craca, o barco rejuvenesce.

Encantam-me os eucaliptos velhos, suas cascas duras, rugosas, grossas, escuras, rachadas. Repentinamente elas se soltam: debaixo delas surge um eucalipto rejuvenescido, casca verde-creme, lisa, sobre ela a mão desliza com prazer.

Nós, humanos, para renascer, temos de esquecer ─ abandonar a casca velha para que a nova apareça. As cascas vazias das cigarras presas aos troncos das árvores são um passado subterrâneo que teve de ser abandonado para que o ser voante nascesse. Esse é o caminho da educação.

Mas a menina me fez pensar outros pensamentos que eu nunca tinha pensado. Eu os guardo para depois."

Rubem Alves in Folha de S. Paulo, 17.05.11

Rodrigo said...

Though I must admit sometimes I miss sharing all the beautiful images and experiences with dear ones who are not with me.